´Ele me objetificou´, diz aluna sobre possível assédio de professor da Uesc
"Ele me segurou pelo braço e disse: você é realmente muito bonita. Eu respondi constrangida: ah, muito obrigada! Ele completou: Inclusive, vou lhe passar meu cartão."
O relato é da estudante Nátali Mendes, que acusa o professor da Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc), André Rosa, de assédio moral e sexual. Em nota pública, a estudante repudiou a atitude do professor. "Ele está pensando que eu sou o que? Pensando, não. Fazendo, agindo. Ele me objetificou, me ofendeu. E ainda fez isso em público", condenou.
O constrangimento teria acontecido no último dia 5, durante um Colóquio promovido pelo Núcleo de Estudos Afro Baianos e Regionais, do qual a estudante de Comunicação Social faz parte como bolsista e André é professor e coordenador. De acordo com o relato da estudante, ao participar ao lado do professor de um debate, André teria segurado o braço dela e feito o elogio.
"Eu fiquei sem reação. Não entendi o que ele quis dizer", garante. "Minha mãe que estava compondo o público presente, interveio dizendo: Epa, a mãe dela está aqui presente, viu!". Foi aí, que segundo relato de Nátali, André Rosa levantou-se da cadeira, foi até a mãe dela e entregou um cartão de visitas.
Nátali disse que ficou contrangida pelo fato, inclusive, de o professor ter feito isso publicamente. Ela assegura que foi tão constrangedor que, no dia seguinte, André Rosa "aparentemente constrangido" ter pedido desculpas durante um pronunciamento, alegando que o elogio se deu por conta de um turbante, adereço usado pela estudante, que teria chamado a atenção do professor.
Na nota de repúdio, a estudante lembra que o ato de segurá-la pelo braço, a entonação do elogio e a entrega do cartão acentuam a naturalização de relação hierárquica entre o professor (homem) e a estudante (mulher).
Polêmicas de relacionamento têm sido cada vez mais constantes dentro da universidade estadual de Santa Cruz, segundo os alunos. Eles defendem a implantação de uma Ouvidoria especializada para o combate ao assédio moral e sexual dentro da Uesc e a promoção de uma política sistemática de educação para o fim das opressões, em parceria com núcleos de estudo, grupos de pesquisa e extensão e movimentos sociais. Na página de André Rosa, no Facebook, uma citação tida como "favorita" do professor é: "a maior liberdade do ser humano é poder dizer foda-se". A frase permanecia até esta manhã na página dele.
Outro fato de bastante polêmica dentro da instituição partiu, tempos atrás, de um professor de sociologia da universidade. Vindo do interior de São Paulo, ele disse, pelas redes sociais, que as mulheres baianas dançavam muito parecidas com macacas. Até hoje ninguém sabe se o professor foi ou não punido pela instituição de ensino. A Uesc anunciou a abertura de um inquérito e, depois disso, não deu nenhum retorno a respeito da apuração feita. Se é que houve e foi concluída.
O Jornal Bahia Online tentou contato com o professor pelo fone 91xx5xx2 mas André não atendeu. O objetivo era ouvir sua versão a respeito do ocorrido. O site mantém o seu compromisso de ouvir todas as partes envolvidas. Está, portanto, mantendo o espaço para o professor, caso ele queira se pronunciar.